“If I never see you again
you will stay in my mind
We've only got a lifetime”
Teenage Fanclub, em If I Never See You Again
Nunca lembro dos detalhes dos meus sonhos. Quando acordo, sempre tento me agarrar aos fragmentos que ainda sobrevoam a neblina da memória. Quase sempre escorrego sem firmar as mãos nos galhos da lembrança.
Ontem despertei de um sonho confuso, onde velhos amigos que nunca se conheceram esperavam juntos por mim no quintal de uma grande casa, sentados nos capôs de seus carros. Carros antigos como Fuscas e Opalas. Acho que o quintal era maior que a casa, e eu morava nela. Curioso é que uma velha amiga também morava lá, mas não morávamos juntos. Era como se eu passasse as noites naqueles cômodos grandes, e ela vivesse os dias. Ela até tinha um namorado, mais jovem do que eu poderia imaginar, onde eu ainda não o conhecia e um sentimento inquieto exalava do aperto de nossas mãos. Não sei bem o porquê, mas o ar daquele sono lembrava um misto de rivalidade com receio de perda.
Acordei incomodado como se o corpo tivesse acabado de sair contundido de uma partida de futebol. A sensação era de cansaço e preocupação. O que significava aqueles antigos amigos que não se conheciam esperando por mim? E a amiga, que há tanto tempo não a vejo, por que estava ali?
Os únicos elementos de ligação entre eles eram a distância e o silêncio escolhidos por nós mesmos, pensei ainda deitado.
Partes das figurinhas repetidas que trocamos sem nunca completar o álbum.
Levantei veloz como o furor de cães ao avistar estranhos no portão. Liguei o chuveiro e enquanto sentia a tentativa da água em aliviar a impressão mal formada do conjunto de imagens distorcidas daquela manhã, senti uma súbita vontade de procurar as pessoas que estavam naquele sonho. Senti vontade de reuni-los e colá-los um ao lado do outro, como fotos 3x4 de um álbum antigo e questioná-los sobre suas casas, carros, cachorros e camas. Como dormem e como sonham.
Talvez eu lhes dissesse que quando deito quero apenas soltar o peso do corpo sobre a cama arrumada e macia, sentir os braços largados e as pernas esticadas sobre o colchão. Que esparramo o rosto sobre o travesseiro e cheiro a lavanda do lençol que secou no vento. Que às vezes ocupo todo o espaço da cama deitando em diagonal. Outras vezes coloco um travesseiro entre as pernas e com o outro cubro a cabeça.
Que quando deito e fecho os olhos quero repassar o melhor do dia sob os relâmpagos da retina e saborear lentamente cada doce detalhe da fogueira que é sobreviver a cada novo amanhecer.
Que quando durmo minha esperança é que meu espírito encontre a leveza da noite e vaguei pelo espaço renovando a confiança no abrir dos olhos.
Que quando sonho um sonho bom, minha vontade é não largá-lo pelo caminho incerto da indefinição. Quero sua continuação ininterrupta e a nitidez objetiva de suas mensagens.
Que quando tenho um sonho ruim, desejo acordar imediatamente para ter certeza de que era apenas sonho.
Que quando deito, fecho os olhos e durmo, sempre desejo revisitar em sonho as boas horas que tivemos juntos.
Que quando acordo, sempre desejo dormir um pouco mais.
Senti vontade de juntá-los como álbum de figurinhas que faz todo o sentido por estar sempre incompleto; não como sonho que nunca se completa.
Pensando bem, talvez essas pessoas sejam espaços em branco de algum álbum da minha vida.
Jânio Dias
you will stay in my mind
We've only got a lifetime”
Teenage Fanclub, em If I Never See You Again
Nunca lembro dos detalhes dos meus sonhos. Quando acordo, sempre tento me agarrar aos fragmentos que ainda sobrevoam a neblina da memória. Quase sempre escorrego sem firmar as mãos nos galhos da lembrança.
Ontem despertei de um sonho confuso, onde velhos amigos que nunca se conheceram esperavam juntos por mim no quintal de uma grande casa, sentados nos capôs de seus carros. Carros antigos como Fuscas e Opalas. Acho que o quintal era maior que a casa, e eu morava nela. Curioso é que uma velha amiga também morava lá, mas não morávamos juntos. Era como se eu passasse as noites naqueles cômodos grandes, e ela vivesse os dias. Ela até tinha um namorado, mais jovem do que eu poderia imaginar, onde eu ainda não o conhecia e um sentimento inquieto exalava do aperto de nossas mãos. Não sei bem o porquê, mas o ar daquele sono lembrava um misto de rivalidade com receio de perda.
Acordei incomodado como se o corpo tivesse acabado de sair contundido de uma partida de futebol. A sensação era de cansaço e preocupação. O que significava aqueles antigos amigos que não se conheciam esperando por mim? E a amiga, que há tanto tempo não a vejo, por que estava ali?
Os únicos elementos de ligação entre eles eram a distância e o silêncio escolhidos por nós mesmos, pensei ainda deitado.
Partes das figurinhas repetidas que trocamos sem nunca completar o álbum.
Levantei veloz como o furor de cães ao avistar estranhos no portão. Liguei o chuveiro e enquanto sentia a tentativa da água em aliviar a impressão mal formada do conjunto de imagens distorcidas daquela manhã, senti uma súbita vontade de procurar as pessoas que estavam naquele sonho. Senti vontade de reuni-los e colá-los um ao lado do outro, como fotos 3x4 de um álbum antigo e questioná-los sobre suas casas, carros, cachorros e camas. Como dormem e como sonham.
Talvez eu lhes dissesse que quando deito quero apenas soltar o peso do corpo sobre a cama arrumada e macia, sentir os braços largados e as pernas esticadas sobre o colchão. Que esparramo o rosto sobre o travesseiro e cheiro a lavanda do lençol que secou no vento. Que às vezes ocupo todo o espaço da cama deitando em diagonal. Outras vezes coloco um travesseiro entre as pernas e com o outro cubro a cabeça.
Que quando deito e fecho os olhos quero repassar o melhor do dia sob os relâmpagos da retina e saborear lentamente cada doce detalhe da fogueira que é sobreviver a cada novo amanhecer.
Que quando durmo minha esperança é que meu espírito encontre a leveza da noite e vaguei pelo espaço renovando a confiança no abrir dos olhos.
Que quando sonho um sonho bom, minha vontade é não largá-lo pelo caminho incerto da indefinição. Quero sua continuação ininterrupta e a nitidez objetiva de suas mensagens.
Que quando tenho um sonho ruim, desejo acordar imediatamente para ter certeza de que era apenas sonho.
Que quando deito, fecho os olhos e durmo, sempre desejo revisitar em sonho as boas horas que tivemos juntos.
Que quando acordo, sempre desejo dormir um pouco mais.
Senti vontade de juntá-los como álbum de figurinhas que faz todo o sentido por estar sempre incompleto; não como sonho que nunca se completa.
Pensando bem, talvez essas pessoas sejam espaços em branco de algum álbum da minha vida.
Jânio Dias
7 comentários:
Sonhos, coisas lindas, páginas que escrevemos enquanto visitamos outros mundos.
Um abraço.
"Dentro de cada um de nós há um outro que não conhecemos. Ele fala conosco por meio dos sonhos."
Sonhos são as manobras que nós, deuses de nós mesmos, fazemos em nosso próprio universo, que é o que cada um de nós é, na verdade.
"E minha casa é um espelho, onde a noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas sem saber porque. É porque trago tudo de fora - violência e dúvida, dinheiro e fé..."
Sonhos sempre têm seu significado, mas nem sempre conseguimos visualizá-lo.
Beijos.
Que texto bom. Fiquei presa à leitura por conta dos meus sonhos, que me deixam muito inquieta. Vai atrás das figurinhas, completa teu álbum!
Obrigada por sua percepção compartilhada em meu espaço. Gostei daqui e voltarei ^^
Beijos doces
olá, Jânio! obrigada pela visita, pelas palavras e pode voltar sempre, sem medo de invasão, afinal, vivemos num mundo sem fronteiras!
gostei mto do seu texto, vou voltar!
bjusss
caraca...essa noite tive um sonho sinistro, pode nao ser verdade, mas me assustou pra caramba, credo!!!!! só paro para pensar nos sonhos quando estes viram pesadelos...rssssssssssss
t+
Postar um comentário